Precisamos Falar Sobre Psicopatas Americanos

"Exatamente isso, minha gente. 

Pensamento negativo atrai pensamento negativo. 

Pensamento positivo é o que os ingleses chamam 'wishful thinking', 'né'?

Pensar positivo, pensar positivo! Querer pensar positivo, atrai bons fluidos.

Eu sei exatamente os instrumentos de que nós precisamos dispor para atingir esse objetivo; e eu tenho sobretudo dentro de mim uma fé enorme em Deus, e um ideal. Eu tenho um ideal. Eu sou uma pessoa idealista."

Fernando Collor de Melo.

No último domingo um sujeito matou quase 60 pessoas em Las Vegas. Ficou lá, do alto de seu apartamento, vigiando a galera num show. Trá, trá, trá, trá! Avenger Machine Gun! Kill 'Em All!

Enquanto isso a gente tá aqui, alguns ainda defendendo o armamento da população, mesmo com as favelas pegando fogo, o que daria certo mesmo é a Lei de Talião, legítima defesa! Legítimo Medo! Ou seria legítimo desespero? 

Todo ano a gente se pergunta, como quem não quer nada: "Quem vai morrer esse ano? Onde vai cair o próximo avião? Aposto que esse ano um moleque entra numa escola nos EUA e mata 15 alunos, 5 professoras, 2 zeladores, 10 faxineiras, 3 inspetores e um Happy Meal com gergelim! 

Mas é só nos Estado Zunido que tem isso. O Bonsonoro vai liberar geral AK-47 na prateleira do Carrefour, todo mundo pronto pro apocalipto  pra se defender. 

Mas até aí tudo bem, quero dizer, vamos imaginar que na nossa frente existe um portal pra uma realidade paralela, onde o mundo é o mundo invertido, não dos Monstros S.A. e nem do Stranger Things, mas do Mad Max. Tá tudo dominado e o pau vai cantar. Bala, boi e Bíblia tá liberado, ZUM, ZUM, ZUM. Daí nessa realidade paralela a gente só quer se defender do Apocalipto. O Bonsonoro é o presidento e o inimigo agora é a carnificina, vai rolar, vai rolar e não temos mais esperança, nem água, nem comida pra todo mundo. Basta acabar com a corrupção em Brasília e mudar as leis que a violência acaba. Basta dar condições pra todo mundo.

 Mas até a lei pegar, o Bonsonoro liberou as armas geral pra gente se defender, porque tem um comichão na gente que vai fazer matar. E também porque mesmo enquanto todo mundo não puder comprar Aqua-Cola baratinha e boa, a gente vai ficar desconfiado, tão desconfiado do outro que qualquer coisa, qualquer excesso de ilicitude, passará a ser considerado legítima defesa. E vai ser difícil dizer que não foi. Mas se matarem alguém numa escola, porque todo ano alguém faz ZUM ZUM nas escolas, a gente fala que é coisa dos Estados Zunido. Aqui a gente se defende, e o Bonsonoro sabe disso. Nos Estado Zunido não, tem arma pra vender no McDonald's porque a galera é tudo psicopata, tudo psicopata americano. Lá é tudo doido, e só matou porque é doido. Se não mata, logo não é psicopata.

Crise nunca existirá se não quisermos, é psicológica, é só uma marolinha que chegou aqui dos Estado Zunido. Só branco, doido, rico com ascendência norueguesa sem sentido na vida que fuzila escola de adolescente. Só caras loucos como o Christian Bale em Psicopata Americano.

Lembranças daquele filme, do Yuppie jovem e rico que frequenta restaurantes caros, escuta Huey Lewis and The News e depois esquarteja prostitutas de madrugada e coloca fogo em mendigos. Alguma semelhança com a marolinha que veio dos Estado Zunido? Nada, né! Exceto pelo fato de que a maioria dos psicopatas nunca matou e nunca provavelmente vai matar ninguém. E não, antes que você se pergunte, o psicopata não é o cara que quer matar o presidente depois de ouvir a música de mesmo nome do Gabriel, o pensador. A verdade é que muito psicopata só comete o crime na própria mente, tal como o Patrick Bateman no Psicopata Americano (que é tão louco como o Batman), ambos personagens do Christian Bale.

O Psicopata Americano , digo, o psicopata que mata pra fora da própria cabeça, não é um Tarantino que termina quase todo filme fuzilando os nazistas, os bandidos. Nem é um cara como eu, que explode o Congresso Brasileiro no primeiro romance que escreve. O Psicopata Americano, da América do Sul, é a cara do Christian Bale. É o cara que coloca tudo em série, que precisa achar uma conexão e por tudo no mesmo saco, dar um fim no vazio de si mesmo projetando-o no vazio do mundo. O brasileiro tem muitos motivos doentios para matar, e mata tanta quanto os americanos. Mata um pouquinho a cada dia, coloca em série uma sala cheia com 51 milhões, depois rouba mais da saúde, tira da previdência, tira do trabalhador, mesmo sabendo que já tem 77 anos, que a vida com qualidade vai acabar não demora muito. Mas é preciso colocar em série o dinheiro, é preciso roubar mais e mais, mesmo com o dinheiro saindo, adivinha, pelo ladrão!  E o que sobra aqui são esses loucos, que dão armas pra gente, que dizem que o caos está vindo e a arma evita que o homem seja lobo do homem. Mas a gente vai continuar sendo pé de chinelo com prego remendado, pé de Toddy!

Vote no Christian Bale para presidente.
Ele vai gritar com seu iluminador e depois
te mandar de volta para o Apocalipto das
Máquinas.

Mas talvez eu esteja errado. Talvez não existam psicopatas somente do modo como imaginamos por Hollywood. Talvez a psicopatia seja apenas o poder. E o poder, já dizia um comunista verdadeiramente psicopata, um chinês chamado Mao-Tsé Tung: "O Poder Está no Cano de Uma Arma", a arma que o pai do Christian Bale Fernando Collor de Melo, Arnon de Melo, usou pra atirar num deputado em pleno Congresso, em 4 de dezembro de 1963. Ele não estava envolvido em bruxaria pesada nos porões da Residência Oficial pra salvar o mandato, tal como fez o filho segundo a ex-primeira-dama, Rosane Collor. Arnon matou por engano o congressista José Kairala, do Acre. E nem foi preso, afinal, em teoria, ele não matou ninguém, afinal, se você é o pai do futuro caçador de Marajás, você não se mata marajá do Acre se o Acre não existe...